domingo, 21 de novembro de 2010

O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

(O Último discurso, do filme O Grande Ditador)

"Ciclo"

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

Charles Chaplin

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O TITANIC

Era uma noite nórdica, loira e calma. No meio do mar o TITANIC vestia-se para a festa. As senhoras passeavam-se no convés ostentando jóias e sorrisos. Os cavalheiros, de smoking, saboreavam cognacs e havanos. A orquestra animava o baile inaugural do paquete mais moderno e mais seguro do mundo. O champanhe corria a rodos e a lua iluminava a efémera felicidade daqueles rostos.

Inesperadamente, um terrível estrondo. O TITANIC cambaleou e, do porão, subiram jactos de água. O pânico instalou-se por dentro da confusão da gritaria. Lentamente o barco afundou-se a pique nas entranhas do mar.

Tudo naquela viagem tinha sido cientificamente estudado, previsto e programado. Menos aquele iceberg gigantesco do qual – como aprendemos na escola – apenas se via uma quinta parte. Ele andava por ali a rondar, à espreita. Mas, nos festejos da festa, ninguém o pressentiu, ninguém o viu no fundo dos binóculos.

E no entanto, colossal, ele estava lá.

***

Portugal está a bater no fundo. E não é de agora, já vem de longe, de muito longe.

Mas só agora, quando o icebergue da crise internacional destapou a realidade das contas do País, é que nos demos conta do tamanho do rombo que nos ameaça.

Não adianta nada estar agora a fazer julgamentos sumários, a atirar pedras aos que estão mais à mão, ou a apontar culpados. Porque, no fundo – uns mais, outros menos – todos fomos e somos responsáveis (excepto naturalmente aqueles cujas vidas já se afundavam mesmo antes do naufrágio).

O erro fatal foi a confusão que fizemos entre Liberdade e Prosperidade. É que a Liberdade não é nenhuma árvore das patacas. E pensámos que era.

Quando entrámos para a Europa fizemo-lo como se fosse uma espécie de seguro de vida contra as ditaduras. E isso nos bastava. Eu era deputado na altura. E confesso que na minha cabeça – como na dos outros – não dominava a ideia de que, com a adesão, Portugal viria a ser inundado com rios de dinheiro durante muitos anos.

E o que fizemos desses biliões?

Os subsídios à agricultura – em vez de servirem para a sua modernização – foram desbaratados em jeeps e vivendas no Algarve. E a CAP, que agora tanto barafusta, o que fez para o impedir?

E quanto à “formação” dos trabalhadores portugueses, o que aconteceu? – Cursos fantasmas e virtuais, onde muita gente se encheu de dinheiro e ninguém aprendeu coisa nenhuma. E os sindicatos – que agora até vão fazer uma greve nacional – o que é que então fizeram para moralizar este forrobodó?

E quantos barcos de pesca os subsídios europeus mandaram para o fundo, deixando Portugal a importar 70% do peixe que consome?

E os filantrópicos bancos a oferecerem cartões de crédito a tudo o que mexia: Uma casinha nova? Um carrinho de último modelo? Uma viagenzinha ao Brasil? Era o “gaste agora e pague depois”!

***

É um injusto erro pensar que Portugal é o único e mau exemplo da excepção à regra. Não é. Então a Islândia não era o país mais rico do mundo? E a Irlanda não era o exemplo do país modelo? E a Espanha, aqui tão perto, não era para nós motivo de inveja e frustração? E a Grécia? E a Itália? E a Inglaterra? E os Estados Unidos?

Como na história do TITANIC – embora viajando em camarotes diferentes – todos os passageiros iam no mesmo barco. E todos se afundaram juntos.

Bem sei que o mal dos outros não deve servir-nos de consolo. Mas, pelo menos, é reconfortante sabermos que não estamos sós. Ou, como dizem as canções, “não, não sou o único” … “afinal havia outra”.

Porque todos cometemos os mesmos erros. Porque todos embarcámos nos TITANICS das ilusões. Porque todos fomos gastando o que não podíamos. E há muito que se acabaram as especiarias das Índias, o ouro do Brasil, a exploração das colónias. Ponto final.

Porque chegámos onde chegámos?

Simplesmente porque andámos muito tempo a divertirmo-nos nos luxos do TITANIC, o barco mais seguro do mundo. E porque nunca acreditámos em icebergues.

Ps:- Se foi possível ir buscar os mineiros chilenos ao fundo da mina, também é possível saírmos do buraco onde nos metemos. É possível. Mas é preciso tempo – muito tempo – muito trabalho, e muita perseverança.

Por: José Niza

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Viva o dia de hoje

Cada dia é uma oportunidade de tornar sua vida o que você quer que ela seja. Tudo é possível quando você trabalha para isso, um dia de cada vez. Pule um dia e você perderá uma chance. Tente fazer tudo ao mesmo tempo e você falhará.


Trabalhe constante e firmemente, dando importância a cada dia, e você atingirá suas metas. Hoje você tem a chance de crescer, de fazer um pouco mais do que você fez ontem, um pouco melhor, com um pouco mais de eficiência. Todo mundo pode fazer um pouco mais, aprender um pouco mais e crescer um pouco mais a cada dia. Logo, com um esforço consistente, esses “pedacinhos” se somam e transformam em grandes realizações.


Há alguma coisa que você queira mudar? Hoje é o dia de começar a fazê-lo. Existe algo que você queira conquistar? Hoje é o dia de começar a fazer com que tudo isso aconteça. Você precisa perder peso? Hoje é o dia de começar a fazê-lo. Não na próxima segunda-feira ou no mês que vem: hoje. Você merece alcançar seus objectivos quanto antes. Controle o dia de hoje e você controlará sua vida.


DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS...

Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido agarrar-se a parte dos destroços para poder ficar flutuando.

Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada, longe de qualquer rota de navegação, e ele agradeceu novamente.

Com muita dificuldade e restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse proteger-se do sol, da chuva, de animais e, também, para guardar seus poucos pertences, e como sempre agradeceu.

Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.

No entanto, um dia, quando voltava da busca por alimentos, ele encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça.

Terrivelmente desesperado, ele se revoltou. Gritava chorando: "O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, por que fizeste isso comigo?" Chorou tanto, que adormeceu profundamente cansado.

No dia seguinte, bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.

-"Viemos resgatá-lo", disseram os tripulantes da embarcação.

-"Como souberam que eu estava aqui?", perguntou ele.

- "Nós vimos o seu sinal de fumaça"!

É comum nos sentirmos desencorajados e até mesmo desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

Lembrem-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a Graça Divina. Para cada pensamento negativo nosso, Deus tem uma resposta positiva.

Passe essa mensagem para as pessoas que você conhece e quer bem. Alguém pode estar precisando...

Autor Anónimo


Os não ditos...

As palavras às vezes cortam como uma faca e de maneira irreflectida ferimos os outros, mesmo se os amamos, sem que haja retorno. Conscientes disso é que em muitos dos casos, nos calamos, quando tudo o que pensamos e sentimos nos queima por dentro.

Essas coisas são os não ditos das relações e da vida.

As palavras que não dizemos, mas não enterramos também, estão sempre entre nosso coração e nossa garganta e nos ferem interiormente. São opções que fazemos, seja para não machucar outras pessoas, seja, simplesmente, pela falta de coragem de sermos nós, inteiros e límpidos.

A comunicação é a base de todo relacionamento saudável. Pessoas que se amam, que seja na amizade, no amor ou nas relações familiares, devem estar prontas para serem quem são, para perdoar e receber perdão.

Não nos calaríamos tanto se soubéssemos que o outro nos ouviria com a alma, nos entenderia e continuaria a nos amar, apesar de tudo. Mas as pessoas, por mais maduras que pareçam, nem sempre estão prontas para ouvir as verdades, se essas forem doloridas. Assim são criadas as relações superficiais, onde pensamos tanto e falamos de menos, onde sentimos e sufocamos.

Nos falta um pouco de humildade para aceitar nossa imperfeição, aceitar que o outro possa não gostar de algo em nós e ter o direito de dizê-lo. Nos falta a ousadia de sermos nós, sem essa máscara que nos torna bonitos por fora e doentes por dentro.

A comunicação na boa hora, com as palavras escolhidas e certas, consertaria muitos relacionamentos, sararia muitas almas, tornaria as pessoas mais verdadeiras e mais bonitas.

Sabemos que as pessoas nos amam quando nos conhecem profundamente, intimamente e continuam nos amando. Quando com elas temos a liberdade e coragem de dizer: isso eu sinto, isso eu sou.


( Letícia Thompson)


O MOMENTO CERTO

Se você espera a hora certa de agir, o momento em que todas as condições sejam ideais, quando suas chances de sucesso estejam garantidas, esse momento nunca chegará. As circunstâncias nunca são perfeitas. Sempre haverá inúmeras razões para não agir.

Ainda assim, se algo deve ser feito, terá de ser sob circunstâncias menos que perfeitas. Quando você aceita o fato de que nunca haverá um momento perfeito, então todos os momentos são perfeitos.

As circunstâncias, quaisquer que elas sejam, funcionarão em seu favor se você trabalhar sem se importar com elas.

As condições desfavoráveis, do jeito que estão, podem ser superadas. O momento actual não é perfeito, mas é o que temos para trabalhar. Ou você o usa, ou o perde para sempre.

Agora não é o momento perfeito, mas é o momento certo para começar a lutar pelos seus ideais. Faça isso agora ou arrependa-se depois.

Autor Anónimo

Viva com Determinação

A vida melhora imensamente quando você pára de deixar as coisas acontecerem e passa a fazer as coisas acontecerem. Ao invés de ser uma vítima, seja alguém que faz. Ao invés de procurar alguém para culpar, procure pelo que você pode fazer. Ao invés de perguntar “Por que isso aconteceu comigo?”, pergunte “O que posso fazer?”
Estabeleça suas prioridades e concentre-se em seus objectivos. Nenhuma situação pode lhe derrotar quando você vive com determinação. As coisas que lhe acontecem têm uma importância menor ao lado do que você pode fazer com elas.
Seu senso de direcção, seu foco, seu comprometimento e acção eficaz guiarão você em qualquer situação, não importa o que aconteça.
Seja responsável – nos seus pensamentos, suas palavras, suas crenças, suas acções – pelas coisas que acontecem, e elas serão muito mais ao seu gosto. Faça a vida acontecer e ela acontecerá para você também.

NADA COMO O TEMPO!

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa,
você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele alguém que você ama (ou acha que ama) e que não
quer nada com você, definitivamente não é o "alguém" da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar
de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que

elas venham até você.

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas
quem estava procurando por você!"

O AMOR É IGUAL A UMA BORBOLETA,QUANDO VOCÊ TENTA PEGA-LA, ELA FOGE, MAS
QUANDO VOCÊ TA DISTRAÍDO, ELA VEM E POUSA EM VOCÊ!!!!!!!!!!!!!!"

Mário Quintana

sábado, 14 de agosto de 2010

O significado dos problemas

Quando os problemas aparecem – sobretudo os mais graves como falência da empresa, desemprego, doença ou morte de um ser querido – há dois caminhos a seguir.

O primeiro é aquele do herói, e se caracteriza pela capacidade de mergulhar fundo dentro de si para buscar todas as suas forças, enfrentar e vencer os desafios que a situação apresenta. Nessa viagem corajosa e ousada, o indivíduo – além de conhecer poderes até então inimagináveis – pode também desenvolver sua sabedoria e compreensão dos processos da vida.

O outro caminho é o da vítima. Surge quando a pessoa se entrega ao desespero e à impotência, submetendo-se aos limites imaginários que suas crenças lhe impuseram. Dessa postura o indivíduo emerge fracassado...
Quando situações angustiantes se apresentarem, tente enfrentar e buscar suas forças mais profundas para superar o momento. Está certo que você é humano e tem toda a permissão para sentir medo e dor, mas não pode se entregar...

Com fé em si mesmo, você terá condições de conhecer um poder que talvez de outro modo não conheceria, e, então, atingir uma capacidade de compreensão e aceitação que apenas aqueles que fazem a viagem dos heróis podem atingir...”

(texto de Roberto Shinyashiki extraído do livro "Pais e Filhos, Companheiros de Viagem")

sábado, 17 de abril de 2010

Telemóveis, redes sociais e enciclopédias online vão ter maior impacto

O telemóvel, as redes sociais e as enciclopédias online como a Wikipédia vão exercer no futuro um maior impacto no ensino superior português, espanhol e latino-americano, defenderam hoje especialistas no México.

Professores e investigadores portugueses, espanhóis e latino-americanos que trabalham no relatório Horizon Ibero-América 2010 estão reunidos no México, numa iniciativa promovida pela Universidade Aberta da Catalunha, a primeira online no mundo, e pela comunidade educativa New Media Consortium.

O relatório Horizon Ibero-América 2010, que ficará concluído em junho, pretende analisar o impacto real das novas tecnologias nos estudantes do ensino superior na Península Ibérica e na América Latina.

A diretora do Departamento de Inovação do Centro E-learning da Universidade Aberta da Catalunha, Iolanda García, adiantou que os participantes no projeto definiram, "numa votação unânime", quais as tecnologias emergentes que têm mais possibilidades de revolucionar o ensino universitário na Península Ibérica e na América Latina.

À cabeça surgem os telemóveis, apresentados como computadores que já cabem na mão e podem ser ligados à Internet a partir de qualquer lugar.

Depois, os milhares de milhões de vídeos, fotografias e sons que os cibernautas publicam diariamente nas redes sociais. Finalmente, os conteúdos enciclopédicos online de acesso livre.

Destak/Lusa | destak@destak.pt

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Invista em Angola

Conforme indicações da Agência Nacional para Investimento Privado - ANIP, é muito vantajoso investir em Angola. Veja detalhes no website www.investinangola.org

RAZÕES PARA INVESTIR EM ANGOLA: ESTABILIDADE ECONÓMICA E MILITAR

Quem conhece Angola, descobre hoje um novo país. Mais dinâmico e seguro, com estabilidade política, militar e económica, Angola está a viver o momento mais próspero de toda a sua história. A guerra faz parte do passado. Em apenas 3 anos, o país reorganizou-se para dar início ao seu processo de reconstrução.

Luanda, a capital de Angola, reúne as características de uma cidade com grande potencial de desenvolvimento. A construção civil merece destaque dentro deste novo contexto sócio-económico. Inúmeros prédios estão a ser erguidos em vários pontos da capital. Restaurantes e bares estão a servir os mais variados e sofisticados pratos da culinária nacional e mundial. Diversos produtos alimentícios e electrónicos já são encontrados no comércio de Luanda. As províncias do extenso território nacional angolano também estão a desenvolver-se, ampliando a infra-estrutura necessária para construir uma forte nação.

Angola é governada pelo presidente José Eduardo dos Santos, do MPLA. A moeda está a ganhar força, dia após dia, incentivando o hábito de consumo entre as populações angolana e estrangeira que vivem na capital e nas províncias. A estabilidade política e económica abriu novas e excelentes oportunidades para se investir no país. Em síntese, todos os aspectos social, económico e político são favoráveis ao progresso.

É assim que Angola apresenta a sua nova realidade ao mundo: todos a trabalhar hoje, para todos crescerem juntos amanhã.

REGIME DE ISENÇÕES DO IMPOSTO INDUSTRIAL

Os incentivos do Governo incidem também de acordo com a província em que o investimento é aplicado.

15 ANOS DE ISENÇÃO - Os investidores ficam isentos de pagamento de imposto sobre aplicação de capitais por um período de 15 anos se investirem nas províncias do Huambo, Bié, Moxico, Kuando Kubango, Cunene, Namibe, Malanje e Zaire.

12 ANOS DE ISENÇÃO - Os investidores ficam isentos de pagamento de imposto sobre aplicação de capitais por um período de 12 anos se investirem nas províncias do Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Bengo, Uíge, Lundas e municípios do interior de Benguela, Cabinda e Huíla.

8 ANOS DE ISENÇÃO - Os investidores ficam isentos de pagamento de imposto sobre a aplicação de capitais por um período de 8 anos se investirem nas províncias de Benguela, Cabinda e Huíla, além do município do Lobito.

fonte:Angopress

sábado, 3 de abril de 2010

INVERSÃO DE VALORES - CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA MÃE (ASSUNTO VERÍDICO).

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um noticiário na TV:

De mãe para mãe...

'Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da
prisão de Custoias para outra dependência prisional em Lisboa.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como
de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como
vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que
você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de
Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc...

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto.
Quero, com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a
distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as
despesas que tenho para visitá-lo.
Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto,
inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto
da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que
desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro
espiritual.

Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou
cruelmente num assalto a um videoclube, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo
carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores
na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia...

Ah! Já me ia esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa,
pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que
seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde
ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante
dessas 'Entidades' que tanto a confortam, para me dar uma só palavra
de conforto, e talvez indicar quais "Os meus direitos".

Para terminar, ainda como mãe, peço "por favor":
Faça circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta
de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só...
Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!

quarta-feira, 31 de março de 2010

sábado, 27 de março de 2010

FESTIANGOLA 2010


PORTUGAL E ANGOLA DE MÃOS DADAS COM A MÚSICA

Pela primeira vez em Portugal vai realizar-se o maior Festival de música angolana : O FESTIANGOLA 2010 !

No dia 10 de Abril, o Pavilhão Atlântico vai abrir as suas portas para receber um riquíssimo leque das maiores estrelas da música de Angola, interpretando SEMBA, KIZOMBA, HIP-HOP, KUDURO, MÚSICA CLÁSSICA e DANÇA, sem esquecer os mais importantes representantes em Portugal da DIÁSPORA MUSICAL Angolana e alguns convidados, lusos e não só, de grande renome !

YURI DA CUNHA, PAULO FLORES, YOLA SEMEDO, KALIBRADOS e DOG MURRAS são alguns dos muitos nomes presentes dia 10 de Abril no Pavilhão Atlântico.

No Dia 10 de Abril, entre na maior discoteca do País - o Pavilhão Atlântico - e vibre ao ritmo da melhor música de Angola ! Divirta-se pela noite dentro e conheça ou relembre, os sons quentes e envolventes de um dos mais bonitos países africanos – ANGOLA !

10 DE ABRILPAVILHÃO ATLÂNTICOFESTIANGOLA

Idade Mínima 3 anos
Promotor Música no Coração
Início de venda dos Bilhetes: 11-03-2010 16:00
Fim de Venda de bilhetes: 11-04-2010 02:00
Duração do espectáculo: 600 minutos

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

HORROR DO VAZIO

Sei que pode parecer repetitivo, mas afligem-me as megalomanias se apossando de algumas cabeças que assumem responsabilidades em relação a Luanda. Uns tantos acham que merecemos ter uma capital no estilo Singapura ou Hong Kong, com torres de quarenta andares (no mínimo) ao longo do mar.


Não é forçosamente para amealhar umas comissões, como imediatamente pensam os nossos cérebros borrados de preconceitos, embora uns tantos aproveitem.


Nada de novo, afinal: o mundo está cheio de processos por causa do imobiliário e o cinema e a literatura até já esgotaram o tema. O que me preocupa é muita gente estar sinceramente convencida que isso é que é bonito e assim é que será viver bem. Têm horror ao vazio que nas suas cabeças significa uma praça, um jardim, um parque, um desperdício de espaço que ficaria melhor com uma torre no meio (antes dizia-se arranha-céus, mas reconheço o exagero americano ao inventar o termo, porque os céus não têm costas, são da natureza dos anjos, e ninguém imaginaria um edifício a arranhar as costas de um anjo). Torre é melhor, lembra logo aquelas construções onde se enfiavam os prisioneiros para morrerem lentamente, como a célebre Torre de Londres, ou onde se aninhava o povo da Europa medieval para se defender de ataques. Torre sim, pois os seus utentes/prisioneiros vivem no medo de sair à rua, de viver a cidade, enclausurados e protegidos da miséria que espalham à volta de si.


Queixamo-nos do trânsito na baixa da cidade (não só na baixa, sejamos justos) e nem sempre escapamos de lá cair, porque ali está concentrado mais de metade do capital financeiro e dos serviços do país. E querem fazer mais torres, para atrair mais gente e mais carros? Que as torres vão ter parques de estacionamento, dizem os defensores das ideias futuristas. O problema é entrar ou sair dos parques, porque as ruas estão atulhadas de carros. Claro que há uma solução do mesmo estilo: fazer as ruas da baixa com andares, género auto-estrada em fatias sobrepostas, ou até com viadutos por cima dos prédios, a arranharem as nuvens. Isso seria um arranhanço útil. E já agora peço, façam um túnel por baixo da baía ou uma ponte a ligar o bairro Miramar à Ilha, assim chegamos à praia em cinco minutos, como era há vinte anos atrás. Como de todos os modos a ideia geral é dar cabo da baía e da Ilha, também tanto faz, mais ponte menos ponte… Suponho também que já deve haver negociações para se tirar a Igreja da Nazaré do sítio onde está, a ocupar indevidamente um espaço nobre para mais uma torre. Uma pequena concessão não fica mal, mantém-se a igreja na cave do edifício. A História que se lixe, não foi a lição da destruição do palácio de D. Ana Joaquina? Então continuemos. Neste afã de ocupar todos os espaços, proponho também acabar com o prédio dos correios, bem feio e sem valor arquitectónico por sinal, e já agora com a praceta à sua frente, outro desperdício de espaço. E aquele compacto e azul edifício que serve a polícia? Um quarteirão inutilizado! A polícia pode ocupar um andar da nova torre. Com menos agentes, claro, para se fazer encolher o Estado, assim mandam os compêndios do liberalismo económico, nossa nova Bíblia.


Problema que estamos com ele é que todas essas novas construções vão ter sérias infiltrações de água salgada, pois ali antes era mar. E o mar gosta de recuperar o que lhe roubaram, ainda mais agora com a previsão da subida dos oceanos, como em todas as conferências se apregoa. Vai ser lindo, com as fundações das torres a serem corroídas pelo salitre e os prédios a desabarem. Felizmente para eles, já não estarão cá os responsáveis nem os seus filhos. E os netos dos outros que se lixem.


Pepetela

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Embaixador Barrica aposta na melhoria de banco de dados da embaixada

O embaixador de Angola em Portugal, José Marcos Barrica, disse que uma das prioridades da embaixada para 2010 é a instalação de um banco de dados fiável, para fornecer informações exactas sobre a comunidade angolana.

O diplomata falava na cerimónia de cumprimentos de fim de ano do corpo diplomático, funcionários da Embaixada de Angola em Portugal e por membros de organizações e associações da sociedade civil angolana nesse país.

Segundo Marcos Barrica, em 2009 foram instalados novos equipamentos e sistemas tecnológicos e reforçou-se a capacidade humana, o que permitiu atenuar as dificuldades das representações consulares no atendimento célere às solicitações de cidadãos nacionais e estrangeiros.

Para Marcos Barrica, “este trabalho será prosseguido e melhorado a fim de possuirmos um banco de dados mais fiável, que traduza com maior exactidão possível quantos somos, onde estamos, o que fazemos e como estamos”.

“Este elemento constitui uma premissa inegável na aplicação correcta de medidas de apoio e assistência às comunidades, das quais também se espera, no seu próprio interesse, uma colaboração consciente e responsável nas acções levadas a cabo pelas competentes entidades do Estado” - adiantou.

Marcos Barrica enalteceu a implementação, em 2009, das equipas móveis de registo dos cidadãos nacionais, “cujos resultados se cifraram acima das expectativas”, apontando que “só em actos consulares praticados directamente em vários bairros de Lisboa e localidades adjacentes foram contabilizados cinco mil e 742 registos.

Referiu-se também ao facto de o Consulado Geral de Lisboa ter emitido 28 mil e 746 vistos em 2009.

A seu ver, em 2010, a embaixada deverá aperfeiçoar os níveis de organização do trabalho e de relacionamento entre os funcionários, assim como adoptar medidas tendentes a melhorar as condições de prestação de serviço, “com o intuito de elevar os níveis motivacionais dos servidores públicos e a consequente melhoria do desempenho laboral”.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.


Fernanda Braga da Cruz


O Príncipe Perfeito

Segue um breve artigo de opiniao do escritor José Eduardo Agualusa, sobre o "requinte" de democracia que temos em Angola e os efeitos do medo além fronteiras. Aparece no site "Angola24Horas.com". Vale a pena ler...


Na passada quinta-feira, dia 21, o partido no poder em Angola fez aprovar um novo projecto de constituição que prevê a eleição do Presidente da República pela Assembleia Nacional e não mais através do voto popular, em eleições directas, o que em princípio assegurará a permanência no poder de José Eduardo dos Santos. Os deputados da UNITA, o principal partido da oposição, abandonaram a sala antes da votação.

Várias vozes se ergueram em Angola e no exterior a contestar a futura constituição. Marcolino Moco apelou à idoneidade dos juízes do Tribunal Constitucional, esperançado ainda no chumbo de uma constituição que classificou como absurda, palavras duras, sobretudo se atendermos ao facto de terem sido proferidas por alguém que já foi secretário-geral do MPLA e primeiro- -ministro. Nelson Pestana, dirigente do Bloco Democrático, pequeno partido de esquerda, herdeiro da extinta Frente para a Democracia, anunciou o fim do Estado de Direito: "O Estado de Direito desaparece para dar lugar ao livre-arbítrio do Príncipe, em todas as suas declinações. Na melhor das hipóteses, teremos um Estado administrativo que vai reprimir a liberdade e promover a igualdade dos indivíduos perante o Príncipe, para que o possam melhor servir."

A eurodeputada portuguesa Ana Gomes, num comentário recolhido pelo diário "Público", sugere que José Eduardo Santos ficou numa posição difícil depois da vitória esmagadora - demasiado esmagadora - do MPLA. Por um lado, não gostaria de ter menos votos do que o seu partido. Por outro, se tivesse mais, no caso mais de 82%, dificilmente conseguiria ser levado a sério fora do país.

Devíamos, talvez, começar por aqui. O único motivo que poderia levar José Eduardo dos Santos a sujeitar-se ao escrutínio popular, e a todas as coisas mesquinhas e desagradáveis que, para alguém como ele, tal processo implica, incluindo discursos em comícios, banhos de multidão e entrevistas, seria conseguir o respeito da comunidade internacional. José Eduardo dos Santos está um pouco na situação do escritor brasileiro Paulo Coelho, o qual depois de conquistar milhões de leitores, depois de enriquecer, ambiciona agora ser levado a sério como escritor. Quer o respeito dos críticos.

A diferença é que José Eduardo dos Santos, não tendo o respeito da comunidade internacional, começa a beneficiar do temor desta - o que para um político pode ser algo bastante semelhante.

O crescimento económico de Angola, por pouco que seja, e ainda que afectado por distorções de todo o tipo, representa uma garantia de bons negócios para um vasto grupo de empresas multinacionais. A prosperidade de Angola é uma boa notícia também para os jovens quadros portugueses no desemprego. Favorece, aliás, todo o tipo de sectores. Lembro-me de ter lido há poucas semanas uma notícia segundo a qual dezasseis por cento dos produtos de luxo vendidos em Portugal são adquiridos por cidadãos angolanos.

Há uns dois anos almocei num simpático restaurante da Ilha de Luanda com um diplomata português. Antes de chegarmos à sobremesa já ele me dava conselhos: "Você só tem problemas porque fala de mais", assegurou-me. "Escreva os seus romances mas não ataque o regime. Não há necessidade." Depois disso tenho escutado conselhos semelhante vindos de editores, empresários e políticos portugueses.

"Já não posso ouvir o José Eduardo Agualusa e todos os outros portugueses e angolanos cá em Portugal que não se cansam de denunciar os desmandos e a corrupção do governo angolano", escreveu Miguel Esteves Cardoso numa extraordinária crónica, publicada nas páginas do jornal "Público" a 30 de Outubro de 2009, e depois reproduzida no "Jornal de Angola": "Angola é um país soberano; mais independente do que nós. [...] Os regimes políticos dos países mais nossos amigos são como os casamentos dos nossos maiores amigos: não se deve falar deles. [...] Não são só nossos amigos: são superiores a nós."

No meu último romance, "Barroco Tropical", esforcei-me por expor a forma como, em regimes totalitários, o medo vai pouco a pouco corrompendo as pessoas, mesmo as melhores. O medo é uma doença contagiosa capaz de destruir toda uma sociedade.

Mais extraordinário é perceber como um regime totalitário consegue exportar o medo. Não já o medo de ir para a cadeia, é claro; ou o medo de ser assassinado na via pública durante um suposto assalto. Trata-se agora do medo de perder um bom negócio. Do medo de ofender um cliente importante.

Ver dirigentes políticos portugueses, de vários quadrantes ideológicos, a defenderem certas posições do regime angolano com a veemência de jovens aspirantes ao Comité Central do MPLA seria apenas ridículo, não fosse trágico.
Alguns deles, curiosamente, são os mesmos que ainda há poucos anos iam fazer piqueniques a essa espécie de alegre Disneylândia edificada pela UNITA no Sudeste de Angola, a Jamba, vestidos à Coronel Tapioca, e que apareciam em toda a parte a anunciar Jonas Savimbi como o libertador de Angola.

José Eduardo dos Santos decidiu fazer--se eleger pelo parlamento, por mais cinco anos, por mais dez anos, troçando da democracia, por uma razão muito simples: porque pode. Porque já nem sequer precisa de fingir que acredita nas virtudes do sistema democrático. Enquanto Angola der dinheiro a ganhar, aos de fora e aos de dentro, e mais aos de fora que aos de dentro, como sempre aconteceu, ninguém o incomodará. Para isso, para que Angola continue a dar dinheiro, exige-se alguma estabilidade social, sim, mas não democracia. Democracia é um luxo.
Bem pode Ana Gomes manifestar a sua indignação. Mais facilmente os dirigentes do partido que representa a admoestarão a ela, por ter tomado tal posição, do que incomodarão os camaradas angolanos.
Aos angolanos resta a esperança de que o crescimento económico possa contribuir para a formação e o regresso de jovens quadros. Estes, juntamente com uma mão-cheia de jornalistas independentes, de activistas cívicos, de militantes de pequenos partidos, todos juntos, talvez consigam criar um amplo movimento social capaz, a médio prazo, de vencer o medo e de transformar Angola numa verdadeira democracia.

José Eduardo Agualusa

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

CAN ANGOLA 2010


Apesar do entusiasmo em Angola, e da loucura saudável que foi o jogo inaugural, entre Angola e Mali, nada tornará possível que se olhe para esta edição da Taça de África das Nações com os mesmos olhos. O atentado que vitimou a selecção do Togo, a dois dias do pontapé de saída, é daqueles sinais de alarme que, de vez em quando, nos lembram ser impossível desligar por completo o futebol do mundo exterior.

É fácil distrairmo-nos. E é demasiado fácil criar uma redoma de talentos, emoções e paixão em volta dos relvados e esquecer que as guerras, a miséria e o sofrimento continuam a fazer parte do dia a dia. E particularmente em África, palco de dramas inomináveis cuja dimensão nos escapa. E então, de vez em quando, acontecimentos como os de Cabinda trazem-nos de volta à terra.

Que sirvam, pelo menos, para relativizar os nossos pequenos dramas domingueiros. E para reforçar a certeza de que nestes momentos o futebol, por muito peso que tenha, é, no máximo, a mais importantes das coisas com pouca importância.