sábado, 3 de abril de 2010

INVERSÃO DE VALORES - CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA MÃE (ASSUNTO VERÍDICO).

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um noticiário na TV:

De mãe para mãe...

'Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a
transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da
prisão de Custoias para outra dependência prisional em Lisboa.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das
dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como
de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como
vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que
você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de
Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc...

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto.
Quero, com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a
distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as
despesas que tenho para visitá-lo.
Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto,
inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto
da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que
desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro
espiritual.

Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou
cruelmente num assalto a um videoclube, onde ele, meu filho,
trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo
carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores
na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia...

Ah! Já me ia esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa,
pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que
seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde
ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante
dessas 'Entidades' que tanto a confortam, para me dar uma só palavra
de conforto, e talvez indicar quais "Os meus direitos".

Para terminar, ainda como mãe, peço "por favor":
Faça circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta
de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só...
Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!

quarta-feira, 31 de março de 2010